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system of a down no Rio de Janeiro, 10 anos depois

Chegou o tão esperado dia 8 de maio. Eu já estava em êxtase por causa da noite anterior, em que “conheci” o Daron Malakian. Meu plano era sair do hotel por volta das 16h, mesmo horário de abertura dos portões, para chegar ao estádio Nilton Santos (Engenhão) às 17h. A intenção era justamente antecipar o fluxo de pessoas que iriam após o expediente, já que o show acontecia em uma quinta-feira, e assim garantir um bom lugar. Mas, infelizmente, não foi isso que aconteceu.

Eu tinha combinado de ir com o Filipe, que estava com outra turma, e eles acabaram se atrasando um pouco. Saímos da estação de metrô Carioca quando já passava das 17h. Seguindo a orientação do Google Maps, fomos em direção à estação Maracanã, onde faríamos a integração com o trem que nos levaria direto ao Engenhão. Novamente, nada saiu como o planejado. Ao chegar lá, descobrimos que não havia integração direta; era preciso adquirir outra passagem. Até aí tudo bem, seria apenas um pequeno gasto a mais, mas o grande problema foi descobrir que a bilheteria não aceitava Pix. Sim, em pleno 2025, a bilheteria da estação Maracanã só aceitava dinheiro vivo. Nem crédito, nem débito, nem Pix. Com isso, perdemos um tempo tentando encontrar uma forma de conseguir o dinheiro. No meu caso, precisei fazer um Pix de R$ 10 para a dona de uma barraca na estação para que ela me desse R$ 8 em espécie e, assim, eu pudesse comprar a passagem.

quase perdi o show por uma regra mal descrita

Depois desse “sufoco”, pegamos o trem Japeri em direção ao Engenhão. Já era noite, e a preocupação para chegar logo e garantir um bom lugar só aumentava. Mas, chegando lá, eu não podia simplesmente entrar e ser feliz: tinha que acontecer mais um problema. Dessa vez, na revista. O funcionário responsável não permitiu que eu entrasse com meu carregador portátil, um item que eu tinha acabado de comprar, novo, original e certificado pela Anatel. Não haveria problema algum em usá-lo durante o show. Mas o funcionário insistiu: “São ordens, me disseram que não pode bateria grande”.

O problema é que não havia uma definição clara do que seria uma "bateria grande". Ele simplesmente julgou que a minha era, na visão dele. Até o colega ao lado sugeriu que ele me deixasse passar, mas não adiantou. Tentei argumentar, sem sucesso, até que ele me orientou a falar com seu supervisor. Depois de uma longa conversa, o supervisor também não queria me deixar entrar — teve até a ousadia de sugerir que eu deixasse o carregador com algum desconhecido na rua, como se fossem guardá-lo e me esperar até o final do show. Foram os 15 minutos mais tensos dos últimos dias e os piores de toda a viagem. O supervisor estava irredutível. Falei mais de uma vez que tinha saído de Natal e ido até o Rio de Janeiro só para ver aquele show, e que não podia ficar sem bateria no celular, pois dependia dele para pagamentos e para pedir o transporte de volta. Eu expliquei que ele estaria me prejudicando muito. De tanto eu insistir, ele pareceu buscar um argumento para me liberar. Perguntou se meu carregador era de 50 Ah, e eu respondi que não, que era de 20 Ah. Ele, então, me levou de volta à revista e orientou a equipe que carregadores com capacidade de até 20 Ah poderiam entrar.

Por sorte, meu amigo Filipe ficou me esperando esse tempo todo. Mesmo sem entender o que estava acontecendo, ele aguardou minha volta. Depois de todo esse perrengue, finalmente entramos e curtimos um dos melhores shows de nossas vidas. No começo, eu ainda estava um pouco nervoso e com uma leve crise de ansiedade; toda a história do carregador me fez pensar que eu poderia perder o show. Fiquei sem reação. Depois, mais calmo, percebi que poderia ter perguntado ao supervisor onde estava escrita aquela regra que ele tentou me impor, pois não havia nada sobre isso na divulgação do evento. Alguns conhecidos que também estavam lá entraram com carregadores até maiores que o meu, sem problemas. Mas, quando a banda de abertura, Ego Kill Talent, começou a tocar, consegui esquecer o ocorrido e me concentrar em aproveitar o momento. E foi um baita show!

o show

Apesar de não conhecer muitas músicas da EKT, o show foi bem empolgante. Na verdade, passei a ouvir mais a banda após a entrada de Emmily Barreto e Cris Botarelli — que fazem parte da banda potiguar Far From Alaska —, que conseguiram dar mais personalidade para a EKT. Os vocais e o carisma da Emmily, juntamente com a dinâmica e a versatilidade da Cris, fizeram muito bem ao som da banda.

Emmily Barreto cantando
Emmily Barreto
Emmily Barreto e Cris Botarelli
Emmily Barreto e Cris Botarelli
Nos últimos meses, surgiu uma repercussão pelo fato de a Ego Kill Talent ser escolhida para abrir vários shows internacionais no Brasil. Segundo o site da Rolling Stone, eles tocaram antes do Korn (2017), Foo Fighters (2018), Metallica (2022), Evanescence (2023), Linkin Park (2024) e System of a Down (2025).

Por conta disso, muita gente que nem conhecia a banda já chegou para o show com um preconceito formado. Eu também acho que os produtores de eventos internacionais como esses deveriam ter a noção de que boa parte do público se repete ou se mistura e, sendo assim, seria interessante ter uma diversificação maior nas bandas de abertura. Mas a “campanha” na internet foi tão forte que muita gente sequer se permitiu curtir o show para ver se realmente gostava ou não. Isso eu acho uma pena.

Já sobre o SOAD eu nem precisaria falar, não é? Foram 32 músicas em que o público ficou em estado de frenesi. A banda mostrou muita sintonia no palco. Houve momentos descontraídos de interação entre eles e com o público, como em “Soldier Side” e “Cigaro”. A galera estava muito empolgada, mesmo na pista premium (setor mais próximo do palco), onde eu estava, com rodas de mosh se abrindo a todo instante. Isso sem falar no show de sinalizadores, né? A festa de luzes se intensificou em “Toxicity”, quase no final. Eu preferi não entrar nas rodas durante o show; quis esperar até “Toxicity”. Aquele era um momento único e muito importante, e eu queria aproveitar ao máximo, apreciar todos os detalhes. E assim o fiz. Aguardei até a loucura que já imaginava que seria essa música, e o resto é história. Nessa hora, eu já tinha me perdido do Filipe e nem valia a pena ficar procurando. Tínhamos combinado um local para nos encontrarmos no final, e foi o que fizemos. Saímos dali realizados, com a certeza de ter vivido um dos melhores e mais marcantes momentos de nossas vidas (pelo menos da minha foi).

Alberth no estádio Nilton Santos aguardando o início do show do System of a Down
esperando o início do show do SOAD
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